Thursday, January 4, 2007

Funcionários da ONU acusados de abusos sexuais sobre menores


Funcionários e capacetes azuis das Nações Unidas destacados no sul do Sudão são acusados de abusos sexuais sobre menores, noticia hoje o jornal britânico Daily Telegraph, com base num relatório preliminar do Fundo da ONU para a Infância (UNICEF).
De acordo com o diário, os abusos terão começado há dois anos, logo após a chegada da missão da ONU ao sul do Sudão (UNMIS) para ajudar no processo de reconstrução, depois de mais de duas décadas de guerra civil.

O jornal cita um relatório preliminar da UNICEF, datado de Julho de 2005, em que são feitas estas acusações.

«Provas sugerem que o pessoal da UNMIS possa estar implicado na exploração sexual de menores», refere o relatório.

O Daily Telegraph afirma ter ainda recolhido testemunhos de mais de 20 vítimas que contaram como os capacetes azuis ou funcionários civis da ONU, destacados na cidade de Juba, apanhavam regularmente crianças à beira da estrada para terem relações sexuais com elas.

«Eu sei que isto é uma coisa terrível de se fazer, mas vejo as viaturas da ONU durante a noite próximo dos bares e espero na esperança de ser apanhado», afirmou Jonas, de 14 anos, acrescentando que «se conseguir 1.000 dinares sudaneses (3,74 euros) já é um bom dia».
O jornal estima que centenas de crianças podem ter sido vítimas de abusos sexuais.

O Governo sudanês, que se opõe ao envio de uma missão da ONU para Darfur, zona ocidental do país em conflito há quase quatro anos, terá também recolhido provas, nomeadamente um vídeo que mostra soldados do Bangladesh a ter relações sexuais com três meninas.

De acordo com o Daily Telegraph, várias organizações não governamentais e de defesa dos direitos humanos também recolheram testemunhos semelhantes.

A ONU já reagiu a esta notícia e anunciou que vai ordenar uma investigação a estas alegações, de acordo com a assistente do secretário-geral da ONU para as operações de paz, Jane Holl Lute.
«Não acredito que se tratem de novas alegações.
No entanto, vamos levá-las a sério tal como fazemos com todas as alegações», afirmou a responsável, acrescentando que «é preciso confirmar os factos e tomar medidas, se necessário». A ONU tem mais de 10.000 polícias, capacetes azuis e funcionários civis de 70 países no sul do Sudão.

Também em relação às missões na República Democrática do Congo, no Haiti e na Libéria houve capacetes azuis acusados de abusos sexuais.

No mês passado, o ainda secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, afirmou que haveria «tolerância zero» de exploração sexual por parte dos funcionários da ONU.

A ONU afirma que já investigou alegações de abusos sexuais contra 316 funcionários desde Janeiro de 2004, 179 dos quais foram alvo de processos disciplinares.

Fonte: Diário Digital / Lusa
03-01-2007 13:29:28
De Lúcifer88

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